Foto: Sharon McCutcheon

 

A importância do desenvolvimento do potencial criativo é grande, uma vez que ele se relaciona com quase tudo no cotidiano do indivíduo, e o resultado que este desenvolvimento pode causar na formação de uma pessoa é imenso, principalmente quando estimulado desde a infância.

 

Durante estes primeiros períodos, a criança possui o melhor contexto e também a melhor fase do desenvolvimento humano para se estimular a criatividade. Não somente pelo ponto de vista biológico e psicológico, mas também pelo contexto educacional. A escola é um dos locais mais propícios para se ensinar um aluno a ser criativo e desenvolver de forma eficaz esta capacidade. E quanto mais for estimulado, melhor.

 

Eu sua obra prima escrita sobre a criatividade, Saturnino de La Torre vai além e explica que a responsabilidade por esta estimulação é social e também educativa:

 

"A estimulação criativa é uma responsabilidade social e educativa como valor cultural do nosso tempo. É o norte de todo o sistema educativo aberto ao futuro”. (...) "Se o homem não fosse criativo, viveríamos ainda nas cavernas." (...) "Educar na criatividade é construir o futuro."

Saturnino de La Torre, Dialogando com a Criatividade:
da identificação à criatividade paradoxal, págs. 24, 25 e 33.

 Foto: Tatiana Syrikova

O grande papel de incluir e estimular a criatividade na educação infantil está nas mãos tanto dos professores como das escolas e suas administrações. É deles a responsabilidade prática deste estímulo e também de mantê-los dentro das prioridades do ensino infantil. É neste momento da vida do indivíduo que, sendo bem estimulado, vai aprender não somente a criar, mas também a usar da criatividade para tudo e pode tomar gosto cada vez mais a fim de melhorar seu dia a dia e perseguir a auto-realização.

 

 

Já nos primeiros anos de vida da criança os estímulos iniciais quase sempre acontecem em casa, principalmente através daqueles primeiros brinquedos, especialmente os educativos. Nesta fase a criança deve receber bastante atenção dos pais neste sentido para que não falte este estímulo. Este estímulo começa em casa com os pais, depois passa pelas escolas com os professores, e permanece na vida adulta quando alimentado.

 

E por onde tudo começa?

 

Os primeiros estímulos criativos durante a infância estão relacionados ao meio ambiente, a afetividade e também a riqueza e variedade de estímulos sensoriais. Em seguida aparecem os jogos e as linguagens cheias de significados e depois a imaginação e as fantasias. Estas estimulam as habilidades cognitivas e comunicativas que geram valores criativos. Finalmente os estímulos se transformam em atitudes e atividades criativas. Logo os objetivos dos estímulos se alcançam e geram ideias criativas.

 

Assim como é muito significativo o impacto positivo que o estímulo da criatividade na educação infantil causa, maior ainda é a falta que ele faz na vida profissional do adulto que não teve este estímulo, ou o teve de forma deficiente durante as primeiras fases escolares. Na mesa intensidade aparece a dificuldade de recuperar esta falta. Muitas vezes podem surgir problemas graves derivados destas faltas, principalmente ao concluir um curso de nível superior, ou ao se manter em uma vaga profissional. Por fim a falta de criatividade afugenta oportunidades e dificulta o sucesso dos objetivos.

 

Tão importante quanto estimular a criatividade na educação infantil é a consciência de mantê-la no cotidiano em benefício pessoal, social e profissional. É realmente um desperdício ignorar o potencial criativo de uma população, deixando de estimulá-la de forma precoce e cotidiana. Mais do que isso é necessário, para se atingir a auto-realização, buscar e ter criatividade, ser uma pessoa criativa e gostar dos benefícios que ela traz.

 

Já em seu clássico livro sobre o raciocínio criativo, Stalimir Vieira define o criativo de forma quase poética, mostrando também um pouco de como funciona a mente daqueles que são essencialmente criativos:

 

O criativo é um apaixonado no atacado e no varejo. No atacado, por sua relação densa com a vida; ele é incapaz de ficar indiferente ao que vê a sua volta. Toda informação lha aciona a reflexão, seja na busca de seu sentido, seja no exercício da combinação de dados ou, ainda, na formulação de alternativas às definições recebidas. O criativo é um trabalhador intelectual incansável. E isso não se traduz em sacrifício nenhum. Pelo contrário, pensar lhe é natural e necessário como respirar. E é um apaixonado no varejo quando, por força de estudo ou profissão, passa a ocupar-se, especificamente, de determinado assunto” (...) “Vai comprar a briga, abraçar a causa. Sua curiosidade não se conformará com informações burocráticas, por mais precisas, por mais úteis. Ele quer mais: a resposta para a pergunta ainda não feita. Ele vai criar perguntas. Com isso, vai ouvir respostas novas e descobrir novos caminhos, possibilidades até então impensadas. O criativo é um desestruturador de fórmulas, de modelos conhecidos, de formatos convencionais”.

Stalimir Vieira, Raciocínio Criativo na Publicidade, págs. 28 e 29.

 

Foto: VisionPic

No Desenvolvimento Humano

 

Conhecendo melhor como funciona a criatividade na vida humana, a importância dela na educação aumenta igualmente com a responsabilidade do docente. Comparada ao ensino da escrita, o ensino da criatividade é uma questão de sobrevivência de uma sociedade. Não basta aprender o básico, é necessário sempre aprendermos mais do que vínhamos aprendendo, para assim fazer mais do que vínhamos fazendo e evoluir com criatividade.

 

Para se chegar a este nível descrito pelo Stalimir, é necessário muito estímulo à criatividade. Seja na infância ou não, é possível desenvolver criatividade, porém quando estimulado de forma sistemática desde a educação infantil essa tarefa passa a acontecer de forma natural.

 

A criatividade já foi taxada no passado como um dom, conceito equivocado. Depois se comprovou ser uma característica, uma qualidade, ou melhor, uma capacidade humana. Hoje, mais importante ainda, ela passa a ser um bem social, uma riqueza coletiva. E assim como outros direitos básicos essenciais para o desenvolvimento humano e social, indispensáveis para a dignidade humana, a criatividade é qualidade primordial. Por este motivo ela deve ser estimulada precocemente através da educação infantil e ser priorizada como uma ferramenta vital para o ser humano.


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